quinta-feira, 27 de junho de 2013

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Enquanto o Mundo Explode!


Enquanto o mundo explode meus amigos, nessa revolução do superpovo brasileiro, nós seguimos montando o nosso espetáculo. Como ninguém consegue pensar, falar, escrever sobre outro assunto que não seja a transição que o nosso país vem passando, vamos dar um tempinho nas postagens sobre o projeto! Segue  o bonde da Revolução!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Construindo o Polí(p)tico Superpopular - Parte 2



2.      O Polí(p)tico Superpopular

O conceito de videografismo que apresentei à Orquestra Superpopular, se analisado sob estes termos, consistiria na releitura local de diversos signos universais e/ou estrangeiros. Apropriarmo-nos de uma estética derivada da pop art, dos videogames e demais símbolos da cultura de massa seria, portanto, cunhá-los superpopulares.


Com a forma definida, prossigamos ao conteúdo que comporá a imagem de um superpovo. É preciso ter cuidado, no entanto, pois aí cai o pê mudo de nosso Polí(p)tico Superpopular. Apropriações deste gênero podem originar equivocadas e grosseiramente preconceituosas tentativas de representação de um povo “pobre coitado” ou do resgate de um “bom selvagem”. Idealizar minorias étnicas ou classes sociais menos privilegiadas periga transformá-las em artigos de museu ou, pior, animais de zoológico.

Evitar um equívoco desta magnitude é fundamental. Daí nasce o desejo de uma pesquisa referencial que encare o “super” de “superpopular” não como prefixo indicativo de algo extremamente popular, mas sim que esteja de fato em um nível superior. Algo que todos compartilhem.
          
Aqui, remonto a um artigo de Maurício Lissovsky em que o pesquisador analisa quatro casos distintos de ressignificação da imagem documental. Chama atenção, no contexto da nossa pesquisa, o caso de Queensland, Austrália. Uma grande quantidade de fotografias de aborígenes, “considerados espécimes raros, precariamente preservados no ‘museu vivo’ de suas ‘tribos’” (LISSOVSKY, 2009, p. 129)[1], foram feitas desde o final do século XIX com o intuito de preservar uma suposta memória etnográfica. Tais registros, no entanto, estão sendo agora reapropriados.

“(...) Nas últimas duas décadas, os arquivos etnográficos e históricos australianos começaram a ser frequentados por um tipo novo de pesquisador: estudantes e antropólogos, eles próprios aborígenes ou remanescentes de um longo processo de deslocamentos e adoções forçadas. E o que eles começaram a ver nestas imagens não é mais a história da etnografia a serviço do colonialismo, ou os vestígios materiais de práticas culturais desaparecidas, mas pessoas reais, seus próprios antepassados, seus avós e bisavós.” (LISSOVSKY, 2009, p. 129)

Inspirado por esta abordagem, entendo que buscar no superpovo nossa inspiração visual significa procurarmos em nós mesmos, em nossas próprias vidas, algo que nos aproxime, ao mesmo tempo e de uma só vez, de todas as camadas da sociedade em que estamos inseridos, das mais às menos favorecidas. Minha proposta para que montemos o nosso “Polí(p)tico” é resgatarmos em nossos próprios acervos as imagens que darão forma à nossa estética.

Montemos este grande mural a partir de nossas fotos de família, nossos vídeos, a partir do nosso passado e também do passado de nosso país, nossas memórias. Enfim, de tudo aquilo que carregamos e nos tornou quem somos. Nossas Histórias. Afinal, somos todos parte de um mesmo superpovo.

3.      Posicionando a Orquestra Superpopular

Com tudo o que já foi dito em mente, voltemos a considerar o conceito que deixei de lado anteriormente, o do repúdio. Trata-se de uma linha diferente, conforme já mencionado, e como tal é interessante que a sobreponhamos à linha sobre a qual nos debruçamos até aqui. Se esta, a da apropriação, encontra seus polos na graduação e no imediatismo, o repúdio de fato possui um antagonismo claro, a assimilação, esta sim um conceito ligado à passividade. Assim sendo, proponho o seguinte gráfico:
 
E pergunto: onde queremos estar?

Pedro Capello

 Bibliografia
HOBSBAWM, E. J.. “O Velho Mundo e o Novo: quinhentos anos de Colombo”. In: HOBSBAWM, E.J.. Pessoas Extraordinárias. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
LISSOVSKY, Maurício. "Viagem ao país das imagens". In: FURTADO, Beatriz (Org.). Imagem Contemporânea: cinema, tv, documentário, fotografia, videoarte, games... Vol. I. São Paulo: Hedra, 2009.