segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Pronto pra Download! EP Orquestra Superpopular


Tá ai galera, demorou mais abalou, o primeiro EP da Orquestra Superpopular!!!!!!! Façam o download: http://www.mediafire.com/download/8iccczcz8pa1jct/EP+-+Orquestra+Superpopular.rar

4 Canções. Uma homenagem a Música Brasileira.
  
  1- Que Maravilha (Jorge Ben / Toquinho)  - A união entre Jorge Ben Jor e uma inspiração Tecnobrega!

  2- Inaraí  (Salgadinho e Juninho) -  homenagem ao pagode romântico da década de 1990, a OSP encarna o "Buena Vista Social Club", dando um suingue latino a eterna gueixa pagodeira Inara.

  3- Fricote (Leandro Lehart) – Híbrido do Híbrido Cultural - Art Popular, Tim Maia e Nação Zumbi organizados e desorganizados pela Orquestra Superpopular.

  4- Rap de Mangaio  “mashup” de Rap do Silva (Bob Rum), Feira de Mangaio (Gloria Gadelha e Sivuca) e Assum Preto (Humberto Teixeira e Luiz Gozaga) – Baião e Funk Carioca..

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A segunda canção do EP - Rap de Mangaio




Nosso EP está quase saindo, amanhã no Studio RJ tem apresentação das 4 músicas e do belo repertório construído para o espetáculo Superpovo. Pra dar aquela moral aos fãs, estamos lançando a segunda faixa do EP!

Na segunda canção do EP, a Orquestra Superpopular se supera executando um “mashup” de Rap do Silva (Bob Rum), Feira de Mangaio (Gloria Gadelha e Sivuca) e Assum Preto (Humberto Teixeira e Luiz Gozaga). Curioso? Confere ai!
A nossa homenagem a música brasileira, ao Baião e ao Funk Carioca

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Revisitando as idéias! Da necessidade da Superpopular

Creio que após dois anos de trabalho surge uma necessidade natural e pública de reavaliação de um determinado projeto, no caso a nossa querida OSP. Muitas novidades estão a caminho e por isso é sempre bom revisitar e amadurecer os pensamentos. Na publicação de hoje, um velho olhar para um velho projeto onde a ideia continua sendo nova......

A Orquestra Superpopular, nasceu a partir do questionamento sobre a M.P.B. principalmente no que concerne o seu lado excluído. O brega tradicional, o pagode, o sertanejo e outros estilos considerados inferiores foram relegados a segundo plano quando não foram alijados dentro da história da música brasileira de um reconhecimento natural em torno da riqueza principalmente do seu cancioneiro. Kitsh, cafona, música de mau gosto, gosto de favelado e principalmente brega, ampliando o seu significado para todos os estilos renegados (pagode, sertanejo, axé, tecnobrega), entendemos o contexto dessas atribuições citando Paulo César de Araújo:

A palavra “brega”, usada para definir esta vertente da canção popular, só começou a ser utilizada no início dos anos 80. Ao longo da década de 70... a expressão utilizada é ainda “cafona”, palavra de origem italiana, cafóne, que significa indivíduo humilde, vilão, tolo... a expressão “cafona” subsiste hoje como sinônimo de “brega”, que, segundo a  Enciclopédia da Música Brasileira¹†, é um termo utilizado para designar “coisa barata, descuidada e mal feita” e “a música mais banal, óbvia, direta, sentimental e rotineira possível, que não foge ao uso sem criatividade de clichês musicais ou literários” (ARAÚJO, 2007, p. 20).

Isto confirma uma tradição de classificação arbitrária dentro da música brasileira ao levar esses estilos sempre para o mau gosto. Essa classificação está ligada a um autoritarismo socialmente aceito entre nós, um “enquadramento da memória brasileira” naquilo que é considerado bom ou ruim apontado por Araújo . Na música é fácil identificar a não participação desses estilos na “linha evolutiva da música popular brasileira” e quando é praticada alguma ação para que ocorra o contrário, é relegado o “limbo” para esses estilos pois não se inserem  no binômio tradição/modernidade. É claro que o conjunto de adjetivos negativos a esses estilos, não leva em consideração todo um imaginário da maioria da população, de uma memória emotiva que é veementemente descartada.revisito aqui a mesma publicação que fiz no jeito Felindie  Carlos Bonfim defendeu em 2009 que  

“...estas canções fazem parte de um repertório, de um acervo sentimental que ainda não foi devidamente considerado. Ao contrário: no Brasil (e até onde pude pesquisar, também nos demais países latino-amaericanos), os estudos e as numerosas publicações sobre a música popular realizadas ao longo da últimas décadas omitiram sistematicamente qualquer referência a uma produção que faz parte do imaginário de grande parte da população latino-amaericana."(BONFIM, 2009)   

Esses estilos e os artistas que os executam carregam consigo uma legião de fãs conquistados através de anos de luta. Com refrões sedutores e temas cotidianos voltados para um lado dramático, cômico ou romântico alcançam um público sedento por vozes que cantem e contem a sua verdade, a sua visão de mundo. Quando imergimos nesse cancioneiro algumas questões surgem e nos causam uma estranha sensação de deslocamento, surgindo uma proposta de quebra de conceitos e preconceitos já atrelados a essas músicas, levando a mim e ao público uma nova reflexão do tipo: “Será que o que é popular ou superpopular é necessariamente ruim e de mau gosto? Será que não me precipitei ao tachar essas músicas? Qual o grau de complexidade desses estilos que somente a racionalidade não alcança?”. Luiz Tatit na obra o século da canção traz questionamentos profundos sobre o fenômeno desse tipo de cancioneiro popular, vejamos:

“Como explicar a súbita promoção de um gênero local, considerado quase estático, a um plano de êxito nacional? A que necessidade de conteúdo humano atende este tipo de melodia e de letra?” (TATIT,2004, p. 234)

É claro que a sua discussão deságua em outros caminhos, mas o que é importante frisar é que essa reflexão deve ser feita sempre quando temos diante de nós o fenômeno da música superpopular. É perceber a relevância cultural que é dada a certos fenômenos musicais, como por exemplo, a Tropicália ou a Lira Paulistana que são reconhecidos e aceitos socialmente e olhar o lugar subalterno que outros ocupam. Além dos posicionamentos negativos ligados a questão de bom gosto e mau gosto que esse tipo de produção musical sofre, há outro vício que se apresenta relacionado a indústria cultural. A visão de que esse tipo de cultura é imposta por cruéis estratégias de marketing através de uma máquina maquiavelicamente organizada para alienar a população que por consequência acaba sofrendo os males de uma suposta “imposição” cultural que homogeneíza a população. Esse posicionamento é fortemente contestado por Hermano Vianna em sua abordagem sobre o funk carioca:

“E se o funk é popular (no primeiro sentido) sem ser popular (no segundo), o que deu “errado” na autenticidade carioca? Trata-se de um modismo passageiro, sem consequências? Ou de uma armadilha multinacional, produzida em laboratórios fonográficos e armada pelos meios de comunicação de massa, na qual adolescentes cariocas caíram inocentemente?” e continua, “O baile funk carioca é um exemplo bastante rico de como elementos culturais de procedências diversas, “autênticos ou não (artificiais ou não, impostos pela industria cultural ou não), podem se combinar de maneiras inusitadas, gerando novos modos de  vida e afastando a hipótese apocalíptica (ECO, 1979) da homogeneização cultural da humanidade. (VIANNA, 1988)

O caráter inventivo, criativo e até mesmo modernizador deve ser ressaltado nesses estilos musicais. Comumente são tidos como simplórios tanto ligado a técnica musical como no caráter da sua produção, porém, o que observo e convido a sua atenção para perceber, a potencialidade de possibilidades que esses gêneros musicais quando surgem trazem implicitamente e intrínsecos em si. O novo sempre vem. Basta pensarmos o que seria do samba se não fosse o advento do pagode redefinido pelo Raça Negra na década de 1990.revisito aqui a mesma publicação que fiz no jeito Felindie Transformou o pagode "raiz" agregando novos instrumentos trazendo uma roupagem pop. Tornou o pagode que eles criaram um modelo para outras gerações de pagodeiros. E dessa maneira se percebe que o samba nunca agonizou e nem morreu O teórico e PhD em musicologia Luiz Fernando Nascimento de Lima me concede esse respaldo teórico: 
"Em 1990, o Raça Negra aparecia com um perfil romântico - contrastante com o do disco Raça Brasielira - que misturava elementos de baladas pop internacional, música sertaneja e ritmos de samba (Raça negra 1990). Além disso, Raça Negra usava bateria, baixo ele´trico, saxofones e sintetizadores...A partir desse momento, o novo pagode iria se tornar um novo modelo...". (LIMA, 2002)

Dessa forma também olhamos a música sertaneja, seria ela tão pobre em suas rimas de amor e dor? Luiz Carlos Travaglia parecia não concordar com isso quando apontou no ano de 1987 mais de dez categorias e subcategorias no seu estudo sobre o discurso das letras de música sertaneja, abordando que de fato amor rima com dor mas há a existência de um todo complexo na construção dessas letras. Da axé music fica a defesa da etnomusicóloga Mônica Neves Leme, com a sua obra “Que tchan é esse, Indústria e produção musical no Brasil dos anos 90”, supera a visão reducionista de que o famoso grupo baiano era apenas bunda e letras pornográficas, fica claro esse posicionamento na página 73, demonstrando que o grupo “É o Tchan” tinha raizes nos lundus do recôncavo baiano vestindo o grupo daquilo que ele naturalmente possuía, a ponte entre a tradição e a modernidade. 

continua.....

quinta-feira, 27 de junho de 2013

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Enquanto o Mundo Explode!


Enquanto o mundo explode meus amigos, nessa revolução do superpovo brasileiro, nós seguimos montando o nosso espetáculo. Como ninguém consegue pensar, falar, escrever sobre outro assunto que não seja a transição que o nosso país vem passando, vamos dar um tempinho nas postagens sobre o projeto! Segue  o bonde da Revolução!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Construindo o Polí(p)tico Superpopular - Parte 2



2.      O Polí(p)tico Superpopular

O conceito de videografismo que apresentei à Orquestra Superpopular, se analisado sob estes termos, consistiria na releitura local de diversos signos universais e/ou estrangeiros. Apropriarmo-nos de uma estética derivada da pop art, dos videogames e demais símbolos da cultura de massa seria, portanto, cunhá-los superpopulares.


Com a forma definida, prossigamos ao conteúdo que comporá a imagem de um superpovo. É preciso ter cuidado, no entanto, pois aí cai o pê mudo de nosso Polí(p)tico Superpopular. Apropriações deste gênero podem originar equivocadas e grosseiramente preconceituosas tentativas de representação de um povo “pobre coitado” ou do resgate de um “bom selvagem”. Idealizar minorias étnicas ou classes sociais menos privilegiadas periga transformá-las em artigos de museu ou, pior, animais de zoológico.

Evitar um equívoco desta magnitude é fundamental. Daí nasce o desejo de uma pesquisa referencial que encare o “super” de “superpopular” não como prefixo indicativo de algo extremamente popular, mas sim que esteja de fato em um nível superior. Algo que todos compartilhem.
          
Aqui, remonto a um artigo de Maurício Lissovsky em que o pesquisador analisa quatro casos distintos de ressignificação da imagem documental. Chama atenção, no contexto da nossa pesquisa, o caso de Queensland, Austrália. Uma grande quantidade de fotografias de aborígenes, “considerados espécimes raros, precariamente preservados no ‘museu vivo’ de suas ‘tribos’” (LISSOVSKY, 2009, p. 129)[1], foram feitas desde o final do século XIX com o intuito de preservar uma suposta memória etnográfica. Tais registros, no entanto, estão sendo agora reapropriados.

“(...) Nas últimas duas décadas, os arquivos etnográficos e históricos australianos começaram a ser frequentados por um tipo novo de pesquisador: estudantes e antropólogos, eles próprios aborígenes ou remanescentes de um longo processo de deslocamentos e adoções forçadas. E o que eles começaram a ver nestas imagens não é mais a história da etnografia a serviço do colonialismo, ou os vestígios materiais de práticas culturais desaparecidas, mas pessoas reais, seus próprios antepassados, seus avós e bisavós.” (LISSOVSKY, 2009, p. 129)

Inspirado por esta abordagem, entendo que buscar no superpovo nossa inspiração visual significa procurarmos em nós mesmos, em nossas próprias vidas, algo que nos aproxime, ao mesmo tempo e de uma só vez, de todas as camadas da sociedade em que estamos inseridos, das mais às menos favorecidas. Minha proposta para que montemos o nosso “Polí(p)tico” é resgatarmos em nossos próprios acervos as imagens que darão forma à nossa estética.

Montemos este grande mural a partir de nossas fotos de família, nossos vídeos, a partir do nosso passado e também do passado de nosso país, nossas memórias. Enfim, de tudo aquilo que carregamos e nos tornou quem somos. Nossas Histórias. Afinal, somos todos parte de um mesmo superpovo.

3.      Posicionando a Orquestra Superpopular

Com tudo o que já foi dito em mente, voltemos a considerar o conceito que deixei de lado anteriormente, o do repúdio. Trata-se de uma linha diferente, conforme já mencionado, e como tal é interessante que a sobreponhamos à linha sobre a qual nos debruçamos até aqui. Se esta, a da apropriação, encontra seus polos na graduação e no imediatismo, o repúdio de fato possui um antagonismo claro, a assimilação, esta sim um conceito ligado à passividade. Assim sendo, proponho o seguinte gráfico:
 
E pergunto: onde queremos estar?

Pedro Capello

 Bibliografia
HOBSBAWM, E. J.. “O Velho Mundo e o Novo: quinhentos anos de Colombo”. In: HOBSBAWM, E.J.. Pessoas Extraordinárias. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
LISSOVSKY, Maurício. "Viagem ao país das imagens". In: FURTADO, Beatriz (Org.). Imagem Contemporânea: cinema, tv, documentário, fotografia, videoarte, games... Vol. I. São Paulo: Hedra, 2009.


quinta-feira, 30 de maio de 2013

Construindo o Polí(p)tico Superpopular - Somos todos apropriadores - Parte 1


Apropriação e antropofagia. Até que ponto pode-se dizer que estes dois conceitos são distintos, senão opostos? A resposta “fácil” consiste em depreender o primeiro termo como uma espécie de “ato passivo”, inerte em seus resultados práticos - ou seja, um não-ato, a mera atitude -, enquanto o segundo, à luz deste mesmo pensamento, pode ser compreendido como seu oposto - o ato em si, a atividade. Têm, assim, em comum, sua relação com o fator externo, separando-se e aninhando-se em pontos opostos de um mesmo espectro no que diz respeito à reação ao fator em questão. Há ainda uma terceira via, a do repúdio da influência externa, que por ora não nos interessa. Uma outra visão não diferencia um conceito do outro em nível semiótico, no sentido de que, suponho, se trata de uma abordagem relativista da apreensão de um fator externo por determinado organismo, seja ele político, artístico, social etc.

Um exemplo da diferença entre estas duas visões, no contexto da arte e, mais especificamente, da música brasileira, reside na forma como cada uma aborda o movimento da Jovem Guarda. Enquanto a primeira se atém ao caráter  reprodutivo do movimento, compreendendo o desejo daqueles artistas como meio de alcançar um público já familiarizado com uma sonoridade estrangeira e priorizando, portanto, as motivações mercadológicas de seu surgimento, a segunda busca uma análise mais ampla. Semionauta que sou, atenho-me a esta segunda abordagem. Se pode ser dito que, em seus aspectos formais, a música da Jovem Guarda, inicialmente se assemelhava ao som que vinha de fora, apenas o fato de se tratar de uma miríade de artistas brasileiros cantando em português aquele tipo de música já denota a diferença entre uma coisa e outra.


Importar uma sonoridade significa reconhecer a si mesmo naquilo que vem de fora e construir em cima disso, encontrar outros caminhos de realizar um mesmo tipo de trabalho (até o ponto em que as obras tidas como “derivativas” desenvolvam aspectos únicos, como viriam a fazer os artistas da Jovem Guarda ao longo da década de 1960). Reproduzir, ali, era o mesmo que dizer “nós também podemos fazer isso” e constituía uma postura tão ativa perante a influência externa quanto o Tropicalismo, por exemplo, adotaria alguns anos depois.

A diferença de linguagem entre um movimento e outro talvez se dê apenas no nível do imediatismo de um em justaposição à evolução gradual do outro. E reside também aí a única diferença que identifico entre a apropriação e a antropofagia: tal imediatismo nasce da origem brasileira do termo “antropofagia”, quando aplicado à atividade cultural, e da necessidade política do resgate deste conceito. Em outras palavras, passadas já muitas décadas desde então, é impossível não caracterizar a música da Jovem Guarda como brasileira, mas a ruptura provocada pelo Tropicalismo, naquele contexto e naquele tempo, foi tida imediatamente como um novo caminho, tal qual a Bossa Nova o fizera mais cedo. A antropofagia, portanto, nada mais é do que uma forma imediata de apropriação.


O conceito de apropriação, por sua vez, está presente em todas as culturas, de ambas as formas - imediata ou não - e remonta aos primórdios de nossa História. O historiador inglês Eric Hobsbawm analisou superficialmente esta política de trocas culturais em artigo sobre os 500 anos da descoberta das Américas, do qual é pertinente que se destaque o seguinte trecho:


“A música popular de massa da sociedade industrial atualmente provém, basicamente, do hemisfério ocidental, enquanto a música transatlântica de alta cultura ainda depende da Europa, desde o Colon de Buenos Aires ao Lincoln Centre de Nova York. A cultura popular é a cultura universal do nosso século. É compartilhada por todos, inclusive pelo mais descomprometido dos intelectuais. A alta cultura pertence às minorias, que às vezes são mesmo muito pequenas. Ao dizer isso não estou emitindo um juízo de valor. Por outro lado,  estou sugerindo um ‘choque de culturas’. De fato, se há um choque de culturas genuíno entre o Novo e o Velho Mundo, está aqui, entre um Novo Mundo cuja força principal e motor dinâmico é popular e um Velho Mundo cujo impacto cultural no Novo foi esmagadoramente dirigido pelas elites e governantes.” (HOBSBAWM, 2005, p. 411)



No artigo em questão, o autor se detém sobre as trocas entre as Américas e a Europa, mas não é difícil encontrar casos semelhantes em outras partes do mundo. Faz sentido, então, continuarmos usando o termo brasileiro “antropofagia”, ou ganhamos mais ao reconhecermos o aspecto global deste tipo de prática?  

Pedro Capello. continua...

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Vertigens Superpopulares - Figurino Orquestra Superpopular



"O jeans é o tecido do povo, é popular, é superporpular." Manoela Moura, figurinista da OSP

“Vestir é um ato mágico”, Hélio Oiticica

“Enfeitar-se é um ritual tão grave. A fazenda não é
mero tecido, é matéria de coisa. É a esse estofo que com
 meu corpo eu dou corpo. Ah, como pode um simples
pano ganhar tanta vida? ”
Clarice Lispector,  O ritual,  em  A Descoberta do Mundo

Através da moda, observamos um tempo: um tempo que está marcado pelo mais atual, pela presença das tecnologias, por uma linguagem internacional e por uma valorização cultural. A teoria fixou o foco em quatro funções práticas das roupas: utilidade, decência, indecência (atração sexual) e ornamentação. George Sproles acrescenta mais quatro funções: diferenciação simbólica, filiação social, autoaprimoramento psicológico e modernidade.
Assim como a moda, o figurino tem essas oito funções. A diferenciação está que o figurino é dependente não comercialmente a um texto/conceito e utilidade como necessidade física. A partir disso, se questiona ao que estamos dependente hoje, nós, o popular.

Popular
po.pu.lar
adj m+f (lat populare) 1 Pertencente ou relativo ao povo; próprio do povo. 2 Comum, usual entre o povo: Linguagem popular. 3 Adaptado à compreensão ou ao gosto do povo. 4Promovido pelo povo; que provém do povo: Manifesto popular.5 Originado entre o povo ou por ele composto ou transmitido: Música popular; dança popular. 6 Que representa ou pretende representar a vontade do povo: Partido popular; governo popular. 7 Que é do agrado do povo; que tem as simpatias, o afeto do povo. 8 Notório, vulgar. 9 Democrático. 
 
      Povo.
O que pertence ou é relativo ao povo em relação à roupa? O que é comum, usual ao povo? O que o povo usa e o que ele gosta? O que é promovido pelo povo? O que é originado entre o povo ou por ele composto ou transmitido? O que representa ou pretende representar a vontade do povo? O que é do agrado do povo? O que tem sua simpatia e afeto? O que e notório, vulgar? O que é democrático?

O jeans.
A calça jeans já nasceu globalizada. O inventor era natural da Letônia. Quem financiou a ideia foi o alemão Strauss. A patente foi americana. O tecido, francês: o brim, rústico, feito da mescla do algodão, surgiu na cidade de Nîmes no século XVII. O nome do tecido de Nimes, brim, acabou sendo abreviado para Denim. Os italianos foram os primeiros a importar esse tecido, para confeccionar os uniformes dos marinheiros que trabalhavam no porto de Gênova. Esses genoveses eram chamados de genes pelos franceses. E depois, de jeans pelos americanos. Assim surgiu o nome conhecido até hoje.


 A calça jeans, item tão básico quanto fashion, uma das peças mais democráticas do vestuário, um objeto de consumo que revolucionou a maneira de se vestir, de pessoas de várias gerações. Eleita pela revista americana Time como "a vestimenta do século XX". O jeans é o tecido do povo, é popular, é superporpular. O povo usa, gosta. É o tecido que representa o trabalhador em todas as suas possibilidades. Pode ser vulgar, pode ser notório, pode ser chique, esportivo e até básico.  Do tecido usado para cobrir carroças ao ícone da moda. Junto com esse tecido popular, a proposta de figurino também conta com a valorização da brasilidade presente nas roupas, através dos ricos trabalhos manuais que o país tem em todos os cantos. Crochê, renda, bordados, ponto-cruz, fuxico, tricô, glitter, lantejoulas, penas e diversos materiais que vão enriquecer o jeans. 

Outra junção a essa composição é o espelho. Uma superfície muito lisa e que permita alto índice de reflexão da luz que incide sobre ele. Esse material é visto em todas as casas, em globos de espelhos em boates, em banheiros, em lojas, enfim, em todos os lugares aonde o povo, as pessoas permeiam. O espelho vai refletir as projeções, o que vai resultar em um jogo de brilhos, cores e movimentação para as peças.Com isso o conceito do figurino é trazer para as roupas da orquestra o de mais superpopular em matérias e tecido. Algo que o povo usa e abusa sem perceber.

Outra questão importante é a modelagem. Ela vai buscar em todas as referências visuais da moda, televisão e cinema no Brasil, selecionando o de mais emblemático e superporpular, sendo direcionada para a personalidade de cada integrante do grupo. A “estimulação erótica” que está diretamente relacionada com o caráter sensual (visual e tátil) da moda quando se trata de vestimentas, desenvolveu esse duplo valor até fazê-lo despontar. Esta intensa dimensão tátil sugerida pelas roupas feitas com materiais diversificados: as plumas, transparências, rendas e as exibições de partes do corpo, complementam-se com a distância dos brilhos e dos espelhos. O corpo, ao ser entregue à espetacularização, converte-se em uma extensão da tecnologia, que passa a funcionar como uma prótese, experimentando em si mesmos a tese de McLuhan de que os meios são uma “extensão do corpo”. 

Caetano Veloso vestindo um parangolé

    Resultado de todas essas questões que abordam o figurino, o jeans, os trabalhos manuais, a modelagem diferenciada para cada persona, a questão masculino/feminino, os espelhos, a renda, as cores, rosa, azul, branco, e por fim tudo isso se dá no espaço através do movimento dessas roupas. Através da movimentação dos integrantes com a roupa é que se dá o figurino, fazendo uma relação através do movimento com o trabalho de Oiticica, Parangolé. Parangolé são capas, estandartes, bandeiras para serem vestidas ou carregadas pelo participante de um happening. As capas são feitas com panos coloridos (que podem levar reproduções de palavras e fotos) interligados, revelados apenas quando a pessoa se movimenta. A cor ganha um dinamismo no espaço através da associação com a dança e a música. A obra só existe plenamente, portanto, quando da participação corporal: a estrutura depende da ação. A cor assume, desse modo, um caráter literal de vivência, reunindo sensação visual, táctil e rítmica. 

    O participante vira obra ao vesti-lo, ultrapassando a distância entre eles, superando o próprio conceito de arte, mas que fique claro, ao vestir o Parangolé o corpo não é o suporte da obra. Oiticica diz que se trata de "incorporação do corpo na obra e da obra no corpo". O interesse de Oiticica, ao criar o Parangolé, não foi outro senão o de levar o indivíduo ao dilatamento de suas capacidades artísticas, para a descoberta de seu centro interior criativo, de sua espontaneidade expressiva adormecida, condicionada ao cotidiano. E, termino aqui, com as palavras de Bergson, que sintetizam a experiência Parangolé:


Ao libertar e acentuar esta música, eles hão de impô-la à nossa atenção; farão com que venhamos a inserir-nos nela, como passantes que entram numa dança. E por aí impelir-nos-ão a vibrar nas profundezas de nosso ser, algo que só estava esperando o momento de vibrar.

Finalmente, a movimentação no espaço faz acontecer o figurino no palco, a troca da luz com os integrantes e o rebatimento para a plateia. O que gera a sensação de vertigem, de os indivíduos girarem à sua volta e que ele próprio gira.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Extrapopulares Superordinários - Cenografia DEMO 1.0


A proposta partiu de uma ideia simples de construir um movimento de retirar das coisas do lugar, e ao mesmo tempo coloca-las no lugar certo. Com esse movimento Duchampiano, conseguimos um olhar, saudosista recente. Estes objetos, representam à primeira vista, um momento de relembrança da rotina das pessoas até chegarem ao encontro/show. Pequenos fragmentos que usam desses totens como força motriz. Esses objetos em suspensão trazem momentos anteriores e muito antes passados pelo público.
Eles se chamam “Extrapopulares Superordinários”, devido ao choque das palavras, superpopular e extraordinários.
Extrapopulares, por serem aquém das pessoas, estão no pensamento coletivo, na memória afetiva e são figuras estereotípicas de estágios, fases e detalhes da rotina/vida. Um travesseiro nos remete a sono, cama, dormir, sexo, aconchego, infância. Já uma cadeira de praia, calor, sol, amigos, cerveja.
A derivação da palavra mais o objeto nos transpassam as mil possibilidades.
Superordinários por serem objetos normais e banais, mas que tem seu poder por estarem em local ao reverso. Estão separados e “endeusados” no cenário, como fotos em um álbum, ou pequenas relíquias da humanidade. Colecionismo, encantamento, encantar, colocar em um canto, dar encanto, dar um poder ao objeto por estar encantado.

Uma primeira proposta seria cobrir os objetos com palavras a que eles remetem. Eles viriam com peso simbólico e resultado. Mas descaracteriza-los com tinta branca é uma maneira de universaliza-los, e ampliar a chegada do efeito em um publico mais variado. A simples menção ou visão de um objeto específico nos traz a mente, momentos marcantes ou pequenos lapsos de memória recente da rotina.

Os “Extrapopulares” do dia a dia são o ovo colorido do botequim, um banco de praça no topo de um morro, ver uma coisa que sempre esteve lá, mas descobri-la ou redescobri-la no espaço, um detalhe.
Fazer com que os integrantes tragam objetos próprios para o grupo dos superordinários, funcionaria como agente de memória coletiva, um brinquedo de infância ou algo específico como uma roupa ou um lustre, contribuiriam com essa massa ativa de fragmentos.
Encontrar em cada objeto, um momento do cotidiano sagrado, extrair deles, momentos de amor e beleza no cotidiano seria algo que gostaria de chegar com a cenografia para a Orquestra Superpopular.





quarta-feira, 8 de maio de 2013

É tudo agora ao mesmo tempo!!!!!!!!!!!!!!!

Estamos nesses últimos meses preparando o nosso espetáculo de 2013!

A data já está marcada e contamos com a sua presença no dia 05 de julho, para prestigiar o grande show da Orquestra Superpopular na Arena Dicró. Acompanhe semanalmente as nossas novidades por aqui e diariamente pelo facebook!

05 de julho de 2013! O grande show da Orquestra Superpopular na Arena Dicró!!!